Usos culturais de documentos: desafios à mediação diante das novas demandas estéticas, éticas e emotivas.

Usos culturais de documentos: desafios à mediação diante das novas demandas estéticas, éticas e emotivas.

Documentos,
Mediação,
Cultura

Taiguara Villela Aldabalde

Maira Cristina Grigoleto

Tradicionalmente os documentos são considerados artefatos de valor pragmático e cognitivo, usados para informar, ou, fazer conhecer. Contudo, ocasionam contemplação, fascínio, comoção, sensação de estranhamento ou familiaridade, satisfação, identificação, ou mesmo, desejo. Esse refere-se ao apropriar-se, por exemplo, de uma capitular inscrita capaz de enlaçar pela estética atrativa. Dado que o usufruto cultural do patrimônio é um direito constituído, e, que cabe às instituições de custódia, atender tanto aos direitos informacionais, quanto aos direitos culturais, objetiva refletir sobre os usos culturais dos documentos no contexto do paradigma patrimonial, e os desafios que isto significa às práticas de mediação. Para tanto, adota procedimentos de pesquisa documental. Apresenta entendimentos a partir da reflexão sobre a representação de documentos como prática de mediação e dos usos culturais qualificados pelas subcategorias dos valores culturais. A partir da identificação da aplicabilidade destas subcategorias, busca estabelecer valores, documentos, e usos, traçando um quadro relacional com os seguintes elementos: a) Valores formais ou estéticos: ilustração do design de joia do Archivio Bulgari em Roma, uso estético ou formal; b) Valores pragmáticos: diploma da Universidade do Rio de Janeiro da Época da República dos Estados Unidos do Brasil, uso pragmático; c) Valores éticos: o manuscrito da Declaração dos Direitos Humanos de 1948, uso ético; d) Valores cognitivos: ilustração publicada em 1897 sobre a Guerra de Canudos custodiada no Acervo do Museu Imperial, uso cognitivo; e) Valores emotivos: carta de Álvaro de Campo para Ophélia Queiroz, uso emotivo. A partir destas considerações sobre valores culturais atribuídos, documentos, e usos, busca fixar uma enquete a ser observada sistematicamente na descrição do acervo. Registra apontamentos sobre um teste no projeto Plataforma Digital Colaborativa Arquivo Pessoa, tendo como epicentro a descrição de um manuscrito inédito em colaboração com escritores, poetas, e pesquisadores das áreas de Literatura e Humanidades Digitais. Conclui que os usos podem ser qualificados pelo encaminhamento dos valores culturais, e, que os fundamentos da cultura material podem servir como aporte teórico possível aos estudos dos usos. Constata que tais usos demandam, em termos de mediação da informação, modelos descritivos e práticas de representação mais precisos em relação à materialidade do original, e abertura dialógica aos usuários em espaços de uso mediato como as plataformas digitais, sendo estas potenciais ferramentais para gerar novos padrões de meta-dados construídos para atender, e provocar demandas estéticas, pragmáticas, éticas, cognitivas e emotivas dos cidadãos, e, dos setores das indústrias criativas.

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

12/11/2019

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

Taiguara Villela Aldabalde

Maira Cristina Grigoleto

Português

Texto

ISSN 2675-2409

Programação Cientifica

Informação e Sociedade

Dra Angélica Alves

Dra Maria Teresa Fernández Bajón

2020

Escola de Comunicação e Artes – ECA/USP - São Paulo / Brasil