Mensurações do eu: apontamentos sobre os impactos da datificação nas representações da subjetividade no contexto profissional

Mensurações do eu: apontamentos sobre os impactos da datificação nas representações da subjetividade no contexto profissional

Representação,
Subjetividade,
Análise preditiva,
Banco de dados,
Algoritmo

Rebeka Figueiredo da Guarda

A proposta desta apresentação é analisar os processos de representação das subjetividades contemporâneas no ambiente digital e suas possíveis implicações no contexto profissional. Com o avanço da computação ubíqua, diferentes atividades do cotidiano passaram a depender do fornecimento de informações pessoais em ambientes digitais e é cada vez mais difícil separar o on-line do off-line. Ao mesmo tempo, a imersão nesses ambientes tem levado a sociedade a um processo de datificação da experiência que inclui a criação de perfis digitais em diferentes plataformas. Isto posto, faremos uma discussão teórica sobre os possíveis impactos da constante coleta, armazenamento e análise de grandes quantidades de dados nas representações da subjetividade. Inicialmente apresentaremos uma breve explanação sobre os processos de representação com base na semiótica peirceana. Também assinalaremos a noção goffmaniana de representação, que remete à atividade realizada em contextos de presença do sujeito diante de outros indivíduos. Em seguida, discutiremos as práticas de Big Data a partir da reflexão sobre o funcionamento dos bancos de dados e dos algoritmos e seus impactos na cultura. Nessa perspectiva, interessa-nos pontuar o entrelaçamento entre as autorrepresentações construídas pelos sujeitos e as representações engendradas a partir de informações digitalizadas, valoradas e recombinadas na internet. Enquanto a autorrepresentação tende a ser feita a partir de elementos selecionados pelo sujeito com base em seus propósitos, as representações geradas por sistemas digitalizados podem ser construídas com informações que não foram fornecidas pelo sujeito de modo consciente, como seus rastros de navegação. Até que ponto o sujeito pode controlar a sua autorrepresentação e em que medida ele tem consciência das formas como pode ser representado? Pontuaremos os possíveis impactos dessas representações no contexto profissional brasileiro a partir da observação empírica de duas ferramentas de recrutamento que usam dados digitalizados, o software Kenoby e a plataforma LinkedIn Recruiter, da rede social LinkedIn. Os dois exemplos servirão de base para o debate sobre a perenidade dos dados, os vieses presentes na filtragem de informações e os riscos da tentativa de mensuração da subjetividade a partir de fragmentos da experiência cristalizados em dados inertes.

Revista Ibero-americana de Ciência da Informação (RICI)

13/11/2019

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

Rebeka Figueiredo da Guarda

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ISSN 1983-5213

Programação Cientifica

Humanidades Digitais

Dr Pedro Razquin Zazpe

Dr Francisco Paletta

2020

Escola de Comunicação e Artes – ECA/USP - São Paulo / Brasil