Ruído informacional e cognição: fluxos e afluxos de “caos documentário” face à Organização do Conhecimento

Ruído informacional e cognição: fluxos e afluxos de “caos documentário” face à Organização do Conhecimento

Ciência da Informação,
Ciência da Comunicação,
Cognição humana,
Organização do Conhecimento

Lourdes Regina Porto

Giovana Deliberali Maimone

Tangenciadas em suas distintas competências, Ciência da Informação e Ciência da Comunicação, ambas atividades emissivas e ambas imbricadas com a categoria receptora, são hoje campos igualmente desafiados pelo massivo afluxo informacional decorrente da tecnologia e do acesso alternativo aos meios e canais de informação. Nesse quadro de “complexidade desorganizada”, concorre para a Ciência da Informação a dispersão de dados não estruturados e, para a Ciência da Comunicação, a vulgarização de dados não validados e fontes pouco confiáveis. Configura-se, assim, aquilo que o documentalista belga Paul Otlet (1868-1944) preconizou como “caos documentário”. Para o usuário, o ruído causado entre as duas dinâmicas da recepção informacional, a do enunciador e do enunciatário, oscila entre a entropia e o curto-circuito na operação cognitiva. Ao profissional, cabe distinguir a intenção do emissor do valor a ser agregado pelo receptor, tendo em conta que a atribuição de significados, por si volátil e sempre sujeita ao estoque informacional e à “competência enciclopédica” de cada um, tem por pressuposto a apropriação particularizada, mas não necessariamente um incremento intelectual. Com base nessas considerações, a presente comunicação reflete sobre as perspectivas da Organização do Conhecimento modulada pela Teoria da Cognição e em diálogo com teorias clássicas da Comunicação, tendo por eixo os mecanismos de fluxo documentário da informação, ela mesma insumo polissêmico. A frisar que a Organização do Conhecimento é aqui trazida em sua acepção stricto sensu, isto é, enquanto processo ou sistema pertinente ao universo documentário da Ciência da Informação. Sendo metalinguagem construída para a intermediação de conteúdos, a Organização do Conhecimento prova-se instrumento responsivo que favorece ampla socialização do conhecimento por meio de reduções terminológicas e conceituais, sintéticas e indiciais, quando reunidas sob arranjo lógico. Sua aplicação prática demonstra que, quanto mais próximos estiverem seus modelos documentários dos requisitos cognitivos próprios do raciocínio humano e semelhantes ao “itinerário intelectual”, maior sua eficácia na disseminação de conteúdos. Redes semânticas e relacionais favorecem o processamento informacional, a visão sistêmica e a percepção do conjunto interconectado, até mesmo em sistemas dito complexos. Aplicado à Ciência da Informação, o contexto cognitivo representa uma mudança de paradigma: antes centrado no acervo, agora modelo centrado no usuário.

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

11/11/2019

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

Lourdes Regina Porto

Giovana Deliberali Maimone

Português

Texto

ISSN 2675-2409

Programação Cientifica

Gestão da Informação, Comunicação e Organização do
Conhecimento

Dr. José Antonio Moreiro

Dr Rodrigo Botelho

2020

Escola de Comunicação e Artes – ECA/USP - São Paulo / Brasil