O impacto da linguagem no processo de representação do conhecimento de grupos historicamente marginalizados

O impacto da linguagem no processo de representação do conhecimento de grupos historicamente marginalizados

Linguagem,
Semiótica,
Análise do Discurso,
Representação do Conhecimento,
Grupos Marginalizados

Alexandre Robson Martines

Graziela dos Santos Lima

Carlos Cândido Almeida

A representação é fundamental para a Organização do Conhecimento, logo sua precisão é responsável pela interoperatividade entre sistemas, usuários, domínios, na medida em que devolve à sociedade uma malha informacional legitimada e capaz de oferecer viabilidade às informações articuladas. Assim, analisar-se o impacto da linguagem no processo de representação e indexação referente às questões semânticas, semióticas e discursivas para compreender o sistema informacional. A representação é direcionada por escolhas terminológicas para legitimar perspectivas de mundo. Destarte, busca-se entender o impacto da informatividade e da significação na consistência do hábito, do poder legitimador de conceitos, de sua institucionalidade e o modo como se efetua a representatividade de grupos como negros, ciganos, indígena, ribeirinhos, mulheres, LGBTIA+. É preciso questionar se as categorias adotadas diminuem as percepções sobre o objeto, ou sobre o documento, porque, inicialmente, existe a tendência, mesmo sob diretriz ética, a encaixar as informações em algo já conhecido, devido à presença do hábito mental, aplicada sob a linguagem documentária. A Semiótica indica que a constituição de um signo: o termo como legissigno; o conceito inerente às tricotomias do Objeto e às tricotomias do Interpretante, embora suscetíveis à semiose ilimitada, também podem ser congeladas pelo hábito. Destarte, este estudo objetiva analisar os procedimentos linguístico-semióticos envolvidos no processo de representação aplicadas na linguagem documentária ao se tratar de representar o conhecimento de grupos marginalizados. Ademais, é preciso debater procedimentos inerentes à Análise do Discurso para verificar a intencionalidade presente no documento, assim como a intencionalidade estabelecida por uma rotina de prática técnica. Entendendo o conceito de termo como um estágio do signo, é fundamental compreender que há escolhas ideológicas que interferem no processo, portanto o hábito mental pode interferir na escolha de termos mais precisos, mesmo manuais e o apontamento ético indicando serem os mais adequados. Há uma prática do indexador, somada a vieses políticos, sociais, culturais que incidem na ocorrência da indexação. É preciso refletir que alguns estágios do signo são responsáveis pela estereotipação. Portanto, deve haver apenas a presença de discurso marcado pelos objetivos e natureza do domínio, que resgate a essência conceitual desses grupos marginalizados, e não por circunstâncias discursivas de interesses ideológicos de outros domínios ou de instituições que caracterizam de maneira simplista, restrita, essencialista e subalterna, baseadas no senso comum naturalizado ao longo do tempo que, de certa forma, possuem o poder para legitimar a representatividade perpetuando preconceitos e estereótipos, consistindo uma representação negativa de grupos marginalizados.

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

11/11/2019

Universidade de Brasília, Faculdade de
Ciência da Informação

Alexandre Robson Martines

Graziela dos Santos Lima

Carlos Cândido Almeida

Português

Texto

ISSN 2675-2409

Programação Cientifica

Gestão da Informação, Comunicação e Organização do
Conhecimento

Dr Emir Suaiden

Dra Cecília Leite

2020

Escola de Comunicação e Artes – ECA/USP - São Paulo / Brasil